DIÁRIO DO CONFINAMENTO AUTORRETRATO DA PANDEMIA
Passagem.
O vidro reflete, sob luz artificial, registros de feridas expostas.
Arrastão, açougue humano,
obras, como em um jogo de peças a serem remontadas.
Sobre papel liso, peles estendidas, costuradas a ossos desconjuntados.
Cada registro expressa
silêncios, agonias, gritos abafados, batimentos cardíacos sem compasso, em cada passo do espectador.
As obras dialogam com o espaço em sua neutralidade entre branco, cinza e preto.
Manifestações confinam-se ironicamente com aderência ao sistema prisional humano,
que se utiliza dos mesmos artifícios cromáticos, impondo a disciplina e a ordem em
meio à desordem.
Números, como carimbos, nomeando as obras, arrastam-nos novamente ao sistema e à marcação de gado.
Reflexão.
Anos silenciados sob pó de ossos, vidas apagadas com mata-borrão.
O artista expressa sua nudez, fragilidade e força
num abraço reconfortante e, ao mesmo tempo, ácido. O diálogo com o espectador é contundente...
E é certo que caminhamos pelo mesmo tempo de incertezas.
Artista -Luiz Basile
Curadoria - Lilian Bado
Texto - Marlene Santana
Revisão de texto - Francisco Aguirra
Residência L.O.T.E 2022/2023
IA- UNESP
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