Onde acaba o deserto?

exposição

Onde acaba o deserto?

 

Sigo alinhavando questionamentos,

envoltos por ecos que ressoam em caixas de concreto.

E, assim, volto meu olhar para a palavra deserto  

em latim:

“desertum", lugar onde pessoas não habitam.  

“Desertum”, lugar onde pessoas não se demoram,

por onde passam.

E as obras , por lá se demoram?

Sim, como as dos povos Romani,

que fazem parte de uma memória nômade,  

vinda de tantas areias, de tantas poeiras, 

 de tantos suores, de tantos ferros

com fios de sangue.  

E, por um instante,

fragmentos lançados nessa Memória  

deslocada ou tresloucada, 

chamada Galeria,  

retorno à palavra acabar, 

que me remete ao latim “caput”:

cabeça, onde nervos pulsam...

A cor rosa vibrante foi tatuada em sua pele branca e fria  

como o avesso do avesso,

a espreitar sem respirar...

Sinto golpes de vento no vazio da Dama.

Clama por diálogos frescos inundados de audaciosos

lances,

atravessando seus espaços em fios de contato,  

como enamorados...

E, nesse enlevo,

volto à memória e jamais à falta dela,

pois minha denominação crítica, 

 utopia,

é pele minha.

 



 

Francisco Aguirra ( Revisão de Texto )

Tiago Mateus       (Crédito de Imagem)

Residentes (L.O.T. E  Artes Visuais 2022 I.A  UNESP)

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